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Uma edição mais digital, jovem e feminina. Foi o que foi visto nas redes sociais do mundo inteiro.

 

 

Depois que se faz o curso de jornalismo, nada do que consumimos de mídia é visto da mesma maneira.

Aconteceu exatamente isso nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em que, além dos esportes, eu e Fer tivemos várias percepções sobre como foi a cobertura da imprensa, as pautas que mais vingaram e, especialmente, a importância das redes sociais nesta edição.

Na pandemia, a população se acostumou com o mundo virtual

Estamos em um momento de pandemia. Os jogos de Tóquio começaram a pelo menos 18 meses depois do primeiro caso no Brasil. Isso significa que o mundo virtual está – mais do que nunca! – absorvido na rotina das pessoas.

Inclusive, uma pesquisa publicada pelo Facebook, mostra que o Brasil foi o terceiro país que mais comentou e se engajou com a Olimpíada na sua plataforma, atrás apenas de Estados Unidos e Índia.

Por aqui também, o fuso horário colaborou para que várias pautas repercutissem bem mais do que o comum, como as tretas entre os atletas, por exemplo.

Durante os jogos, na madrugada, falava-se dos jogos. No contraturno, a imprensa tinha o que pra falar? Além de fazer um resumo do que aconteceu na madrugada, precisariam alimentar suas páginas e programas com pautas paralelas.

Sem acesso aos atletas, o que pautar?

Desta vez, os jornalistas tiveram restrição para acessar os atletas. Também as famílias não puderam participar presencialmente – diminuindo bem aquelas tradicionais pautas de comportamento, em que se entrevistava a mãe, o pai, e se fazia a jornada do atleta.

Outras pautas que sentimos falta nesta edição foram as culturais: o que os japoneses comem, como são suas casas, seus hábitos, um fala povo com os torcedores.. não teve!

Os jornalistas não tiveram autorização para circular por Tóquio. Pautas especiais, em locais especiais, precisavam ser aprovadas. Tiveram que fazer quarentena antes dos jogos, fizeram testes e mais testes para provarem que estavam negativados para Covid-19.

Com circulação restrita, acabaram ficando sempre nos mesmos locais, o que ficou conhecido como “bolha das Olimpíadas”.

Neste contexto todo, as redes sociais dos atletas foram as grandes fontes da imprensa brasileira. Todos os stories da skatista Rayssa Leal logo no começo dos jogos foram altamente repercutidos.

Assim como o conteúdo do jogador de vôlei Douglas Souza, que viu suas redes sociais explodirem durante os jogos. Inclusive, ganhando patrocinadores pessoais para atuar como influencer fora das quadras, precisando de uma agência de marketing para gerenciar essa nova carreira.

Ítalo Ferreira, Daniel Alves, Rebeca Andrade, Gabriel Medina foram outros nomes que tiveram um upgrade em suas redes sociais durante o período e que ajudaram – e muito! – a imprensa nacional.

Jogos olímpicos não são apenas sobre esportes

Grandes temas foram levantados ao longo desses dias. De acordo com uma pesquisa da empresa Stilingue, o protagonismo feminino durante os jogos, o desafio dos atletas e a discussão sobre a saúde mental, foram os principais temas com maior repercussão no Brasil.

No nosso podcast sobre o tema, apresentamos outros temas que foram abordados, como por exemplo, as atletas do Azerbaijão que usaram uniformes pretos na Ginástica Ritmica – um esporte de muitas cores e brilho! -, simbolizando luto pelo conflito que acontece em seu país.

Também a questão de maternidade na pele da velocista americana Allyson Felix, que teve seu patrocínio cortado em 70% quando resolveu engravidar, além das atletas da ginástica artística da Alemanha, que deixaram os clássicos colantes de lado e se apresentaram usando um macacão, com calças leggings, levantando a discussão sobre sexualização da mulher no esporte.

Enfim, as mulheres não foram pra Tóquio brincar. Foram competir, mas souberam aproveitar muito bem todos os holofotes do evento para levantarem suas bandeiras.

Uma Olimpíada mais digital e mais jovem

Uma das grandes certezas do mercado é que os Jogos Olímpicos de Tóquio foi e será o mais digital de todos. Provavelmente em Paris 2024, a volta da torcida presencialmente, da cobertura mais complexa por parte dos jornalistas, vai disseminar o conteúdo multiplataforma. Por isso, não será tão digital como esta edição.

Também, com a chegada de esportes como skate, surf, escalada, basquete 3×3, BMX freestyle, renovou os ares da audiência, chamando a atenção dos mais jovens. Para 2024, entra ainda break dance, que também tem grande apelo entre o público mais novo.

Enfim, foram muitas as mudanças feitas por conta da circunstância do momento pandêmico, mas que se manterão possivelmente nas próximas edições. Quem duvida que o momento carinhoso das vídeos chamadas com a família dos medalhistas não vai continuar?

 

Nosso podcast Em Oz, série Comunicação e Olimpíadas tem 4 episódios. Se você ouviu apenas um deles, sugiro que complemente a discussão ouvindo os outros. Se gostou, deixe seus comentários por aqui, no nosso Instagram ou LinkedIn.

 

Livia Borges dos Santos

Livia Borges dos Santos

Sócia Proprietária da Oz Conteúdo

Jornalista